Este ano faço 38 anos (engulo em seco vinte vezes e sinto um nó tão grande... tão grande...) e sinto que para mim está a acabar.
A atitude é minha. Sempre.
Acho que já não vou mudar. Não tenho coragem. A vida consome-me em merdas tão interessantes como as que têm que ser feitas e pagas ao final do mês. Aquelas que não há volta a dar e têm mesmo que ser garantidas.
E assim passou mais um ano. Eu desperdicei mais um ano. Por pura cobardia e por puro sentido de responsabilidade. Porque tenho quem conte comigo.
Vejo tanta gente a apregoar que mudar é assim com clicks e wake up calls... e eu duvido. De mim. Sobretudo.
O pior é lidar com a frustração. Não fosse essa velhaca e estava tudo bem e empurrava-se com a barriga.
(...) Porque este trabalho é o que é. Não é o que eu gosto. É o que ainda me permite ganhar dinheiro e pagar contas. E levar esta vida com a barriga. O pior é a frustração. Essa velhaca.
Ai gente, é o tempo a passar e ver que que o que vai ficando para trás não é sequer digno de nota... 38... dasssssssssse!
Opá isto hoje está do pior... desculpem o desabafo, o expurgo de cenas menos agradáveis...
Sabem? Sentem este vazio? Têm alguma receita de chás de ervas para ganhar coragem? Sabem para onde posso ligar a encomendar sumaúma da alma?
Palavra de Julieta, a pessoa e Afonso, o cão de loiça
Se isto é condição dos quase 38, não sei, mas o sentimento é mútuo. A impotência, a frustração, o sentido de dever e a cobardia estão presentes no dia-a-dia como todas as outras tarefas. Falta sempre qualquer coisa porque falta-me a coragem o que quer que seja necessário para mudar a vida para fazer o que gosto. Não é que não seja feliz. Na verdade, é. Não sou feliz. Tenho momentos felizes. Muitos. Mas fica sempre lá aquela insatisfação de que devia ser mais feliz, mais realizada. E o que sinto agora, a rapariga que contava os meses, os dias, para o seu aniversário, é que desperdiço os dias, os meses, os anos, e falta sempre alguma coisa.
E não é por falta de chá.
Ok todos temos dias de cão e eu tenho 38 quase a fazer 39 e tenho dias ou madrugadas que as neuras aparecem a qualquer hora e as minhas começam normalmente às 5h da matina. Entendo perfeitamente essa frustração, também tenho um emprego da treta que serve para pagar as contas e às vezes mal dá. Se há receitas também não as conheço e se mudar de vida é num click não é, não minha senhora. Mudar de vida só é um click para quem não em famílias a cargo ou mesmo tendo-as tem riqueza suficiente. A minha receita? Evitar a todo o custo ser esmagada pela diabólica frustração: ter 6 coisas boas em que pensar quando os demónios se soltam e usa-las para combate-los repetindo-as em voz baixa até que eles se arrumem. Viver cada dia um após o outro, aproveitar os momentos de felicidade e manter um projecto de vida, um trabalho ou qualquer outra coisa e acreditar que um dia vai acontecer. Era isto e um abraço e que os 38 sejam melhores do que os 37.
ResponderEliminarai é mesmo...
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