Angelina Jolie - “A minha mãe lutou contra o cancro (de mama) durante quase uma década e morreu com 56 anos. Viveu o suficiente para conhecer o seu primeiro neto e para o segurar nos seus braços. Mas os meus outros filhos nunca tiveram a hipótese de a conhecer e de saber o quão amável e ternurenta ela era.
[Apenas uma percentagem dos cancros de mama resultam de um gene hereditário. As mulheres que possuem o gene BRCA1 têm, em média, 65 por cento de risco de o contrair.]
“Quando tomei conhecimento de que esta era a minha realidade, decidi ser proactiva e minimizar o risco o máximo que conseguisse. Tomei a decisão de fazer uma dupla mastectomia preventiva. Comecei pelo peito, uma vez que o risco de cancro de mama é maior do que o de ovário, e a cirurgia é também mais complexa.
“Cancro ainda é uma palavra que produz muito medo no coração das pessoas e que nos transmite uma enorme sensação de impotência. Hoje em dia é possível, através de um teste sanguíneo, saber quais são as suas hipóteses de vir a sofrer de cancro de mama ou de ovário e tomar medidas preventivas.
“O meu processo começou com um procedimento que exclui a hipótese de doença nos ductos mamários por detrás do mamilo com uma irrigação sanguínea extra dessa zona. É um procedimento que causa alguma dor e muitos hematomas mas que aumenta consideravelmente a hipótese de salvar o mamilo.
“Duas semanas mais tarde fiz a cirurgia que envolveu a remoção do tecido mamário e a colocação de implantes temporários no seu lugar. A operação pode demorar cerca de oito horas. Acordamos com tubos e drenos nas mamas. Parece que estamos numa cena de um filme de ficção científica. Mas alguns dias após a cirurgia podemos voltar à nossa vida normal.
“Nove semanas mais tarde, completei o processo cirúrgico com a reconstrução total da mama, através da colocação de implantes.
“Duas semanas mais tarde fiz a cirurgia que envolveu a remoção do tecido mamário e a colocação de implantes temporários no seu lugar. A operação pode demorar cerca de oito horas. Acordamos com tubos e drenos nas mamas. Parece que estamos numa cena de um filme de ficção científica. Mas alguns dias após a cirurgia podemos voltar à nossa vida normal.
“Nove semanas mais tarde, completei o processo cirúrgico com a reconstrução total da mama, através da colocação de implantes.
“Naturalmente que nunca os deixei ver nada que os pudesse deixar desconfortáveis ou perturbados. No máximo podem ver algumas pequenas cicatrizes e nada mais. Em tudo o resto sou apenas a mamã, como sempre fui. E sabem que eu os amo mais do que tudo e que tudo farei para estar junto deles o máximo de tempo que me seja possível. Como nota pessoal, posso garantir que não me sinto menos mulher agora do que antes. Sinto-me mais fortalecida por ter tomado uma decisão importante que em nada diminuiu a minha feminilidade.
“Para as mulheres que lerem este texto, espero que ajude o facto de saberem que podem fazer as vossas escolhas. Gostava de encorajar todas as mulheres, especialmente as que têm antecedentes de cancro de mama ou de ovário nas suas famílias, a procurarem ajuda médica e informação que vos possam guiar neste aspeto da vossa vida e informar-vos sobre as vossas opções.
“(…) Escolhi divulgar a minha história porque sei que existem muitas mulheres que não sabem que vivem sob a ameaça e a sombra do cancro. A minha esperança é que todas elas tenham a possibilidade de fazer o teste genético e que no caso de risco elevado de cancro saibam quais são as suas opções.
“A vida apresenta-nos muitos desafios. Os que não nos devem assustar são aqueles que podemos assumir e controlar”.
O poder de tomarmos as decisões na nossa vida é algo de poderoso. O poder de decidir mudar a nossa vida está também presente na decisão de mudar a nossa morte. Não será fácil concerteza viver sobre a dúvida de poder morrer nova, de doença prolongada, fazendo sofrer a nós próprios e a nossa família.
Esta é uma história inspiradora, neste caso de uma figura pública, mas existem tantas...
Há cerca de um ano, deu entrada no hospital uma jovem de 29 anos, grávida, com uma incapacidade de mobilidade sem razão aparente. No início da gravidez, apesar de umas dores nas costas, não havia sinais de nada fora de normal. Um dia, essas dores atacaram de uma maneira que ela não se conseguia mexer. depois apanharam-lhe a perna e não conseguia andar. Quando foi ao hospital, foi internada e, quando foi avaliada, descobriram um nódulo mamário. Com mais estudo descobriram que era cancro e, pior que isso, tão avançado que estava espalhado pelos ossos. Daí não conseguir andar.
Esta era uma jovem com uma história de vida difícil, abandonada pelos pais, com uma história de uma relação abusiva enquanto adolescente, que finalmente tinha encontrado um parceiro, companheiro e amoroso, com o qual decidiu iniciar uma família.
A gravidez ainda estava relativamente no início. O cancro da mama vive das hormonas, coisa que na gravidez está multiplicada e é pouco aconselhada uma gravidez nesta situação. Ela, com o seu companheiro, mediante o cenário da doença, decidiu avançar com a gravidez. Ficou no hospital, fez uma quimioterapia "leve" para aliviar as dores e controlar a doença. Às 36 semanas a criança nasceu. E durante quase um ano conheceu a sua mãe.
Talvez das histórias que mais me marcou nestes anos em que trabalho com estes doentes, porque a rapariga tinha o meu nome e uma idade perto da minha, e nunca a conheci. Nunca veio à consulta. Só ouvi a história, a discussão do caso nas reuniões. Mas marcou toda a minha vivência a partir dessa data.
Aprendi que nunca podemos dizer o que faremos a não ser que passemos pela situação. E que as decisões que tomamos têm o poder de mudar a nossa vida e de todas as pessoas que partilham da nossa vida. Mas que podemos tomá-las mesmo assim.
Sem comentários:
Enviar um comentário