Penso muitas vezes sobre as mudanças na nossa vida. Nas mudanças pessoais, na maturidade e evolução pessoal. Penso se todos estes interesses tão fúteis significam que sou fútil, que não cresci, que sou a mesma miúda que copiava corpos de mulheres para desenhar vestidos sobre eles.
Penso se esta "obssessão" com roupa, sapatos, beleza, não são uma vontade de não crescer, de me manter jovem (não que seja velha, mas mais jovem).
Penso muitas vezes que sou uma mãe jovem e depois lembro-me que tenho 35. A Pipoca já me disse muitas vezes que não pareço uma mãe e ainda não me conseguiu explicar o quer dizer com isso.
Olho-me ao espelho e reconheço que não tenho os meus abdominais definidos como há... deixa-me ver... 6 anos?!. Sei que não tenho mesmo corpo, mas quando ponho uns saltos altos fantásticos, sinto-me como a Heidi Klum, uma Gisele Bundchen. E vou olhando para os reflexos no caminho para me lembrar que não sou, que não devo ser convencida, porque não tenho razão para o ser.
Mas também sei que o tempo me trouxe alguma sabedoria. Que sempre fui confiante, mas isso apoiava-se no meu aspecto e agora, talvez, mais na minha personalidade.
Sempre tive muito orgulho de toda a gente (ou a maioria) gostar do meu pai. E sempre soube que eu era ao contrário. Que tinha as amigas que gostaram de mim ao primeiro contacto, e essas ficaram para a vida. Que tinha aquelas que ao princípio achavam que eu era uma cabra convencida e ainda falamos. Mas a maioria dos meus amigos foram pontuais. Da turma, amigos dos amigos, amigos dos namorados, que passaram pela minha vida da mesma maneira que essas etapas. Quando acabaram, avancei para outras... etapas e amigas/os.
Pus-me a pensar quão triste seria não partilhar a minha vida com amigas.
Que só teria a minha família de sangue, e não as famílias que escolhi. Que não seria "tia". Que não teria "likes" no facebook quando ponho uma fotografia minha com óculos e buço. Que não teria a quem ligar a perguntar que sapatos levo com que roupa. Que não teria a quem ligar para ir comer uma bola de manteiga.
Que não teria a quem ligar, quando, daqui a muitos muitos anos, quiser mostrar as fotos dos meus netos e dizer: lembras-te de quando foste ao bloco de partos ou ao 1º aniversário da Pipoca?
Não me acho velha, mas sei que amadureci com a maternidade. Mas acho que alguém tem que se preocupar com estas coisas fúteis para dar as dicas às amigas. Afinal não há sempre uma assim no grupo?
(apesar de eu não ter um grupo.)