Nada me deixa mais desarmada que me acusarem de não fazer algo que não acho que seja minha responsabilidade. Ou mesmo estar convencida que a falha não foi minha.
É desconcertante dizerem-te que és uma funcionária excelente, com uma capacidade organizacional acima da média, e depois acusarem-te de algo ter falhado porque não consegues organizar o teu trabalho para fazer mais um controle de qualidade do processo terapêutico...
Fico com um peso descomunal nos ombros, uma depressão, um sentimento de culpa por algo que eu sei não ser culpa minha... Mas sempre trabalhei com e para pessoas e não números de utente, O processo de culpabilização não abandona a minha mente e acima de tudo não consigo afastar o peso no meu peito por alguém estar a sofrer sem necessidade. Se apenas eu tivesse feito o controle que não era minha função fazer e que, além disso, não tenho tempo para fazer com a constante duplicação de funções.
Sempre mantive um distanciamento saudável para com as minhas funções no hospital, sendo que há casos que me afetam mais que outros, obviamente. E saber que alguém pode não ter o melhor possível porque alguém falhou é de partir o coração. E saber que que sou de alguma maneira responsabilizada por isso (responsabilizada, não responsável) é desconcertante e confuso, quando damos o nosso melhor no dia-a-dia pelos doentes.
Por isso, avanço para uma fiscalização que não deveria ter de fazer, mas acima de tudo, avanço para uma atribuição de responsabilidades e um melhor tratamento dos doentes, que é o mais importante. Mas vou já com o peso de que esta situação só ocorre porque algo correu muito mal. E agora só falta convencer-me que não tive qualquer culpa neste acontecimento ou falta dele.
E melhorar...
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