O que fazemos?
Não vamos passar fome, é verdade. Não vamos dormir na rua, é verdade.
Vamos tirar os miúdos da escola onde têm uma educação diferenciada? Não morremos por isso, mas não há vagas a meio do ano. E não quero "cortar as pernas", mudar um futuro que podia ser melhor...
Vamos jantar a a casa dos pais. Podemos ir.
Temos trabalho? Não sei, vamos ver a evolução dos cortes.
Vamos ficar em casa. Não podemos levar os miúdos aos museus, que já não são grátis aos domingos.
A vida fica mais pobre. De dinheiro e de espírito, cada vez que somos obrigados a pagar pelos erros dos outros, cada vez que somos obrigados a "cultivar" o espírito na televisão, cada vez que somos obrigados a viver uma vida pequenina só porque não temos um extra.
Eu sei que não sou uma coitadinha, atenção. Só me custa negar aos meus filhos as oportunidades de viver bem, crescer bem, diversificadamente, como eu cresci. Sem esbanjar dinheiro.
Não penso muito no emprego. Se acontecer, acontece e lidarei com isso na altura.
Mas agonizo com a ideia de tirar os meus filhos da sua escola. Isso faz-me chorar. Isso tira-me o sorriso da cara. Preocupo-me. Agonizo.
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